domingo, 19 de dezembro de 2010

Cá estou, colegas

Primeiro, gostaria de dizer que estou muito feliz por terem me aberto esse espaço para mostrar o que escrevo e penso. Agradeço a família talkthoughts, e a quem me apoiou (né, flá? hahaha).
E pensando nisso, resolvi que meu primeiro post não deveria ser meu, e sim de quem me inspirou a começar a escrever. Seguem então dois textos, um trecho de um poema de Álvares de Azevedo, e um pensamento de Quintus Horacius.


Álvares de Azevedo - "Um cadáver de poeta"


(...)
O mundo tem razão, sisudo pensa,
E a turba tem um cérebro sublime!
De que vale um poeta - um pobre louco
Que leva os dias a sonhar - insano
Amande de utopias e virtudes
E, num tempo sem Deus, ainda crente?

A poesia é de certo uma loucura,
Sêneca o disse, um homem de renome.
É, um defeito no cérebro... Que doudos!
É um grande favor, é muita esmola
Dizer-lhes bravo! à inspiração divina,
E, quando tremes de miséria e fome,
Dar-lhes um leito no hospital dos loucos
Quando é gelada a fronte sonhadora,
Por que já de o vivo que dspreza rimas
Cansar os braços arrastando um morto,
Ou pagar os salários do coveiro?
A bolsa esvazia por um misérrimo
Quando a emprega melhor em lodo e vício!

E que venham aí falar-me em Tasso!
Culpar Afonso d'Este - um soberano! -
Por que não lhe dar a mão da irmã fidalga!
Um poeta é um poeta - apenas isso:
Procure para amar as poetisas!
Se na França a princesa Margarida,
De Francisco Primeiro irmã formosa,
Ao poeta Alain Chartier adormecido
Deu nos lábios um beijo, é que esta moça,
Apesar de princesa, era uma douda,
E a prova é que rondós fazia.
Se Riccio o trovador obteve amores
- Novelas até bastante duvidosa -
Dessa Maria Stuart formosíssima,
É que ela - sabe-o Deus! - fez tanta asneira,
Que não admira um poeta amasse!

Por isso adoro o libertino Horácio.
Namorou algum dia uma parenta
Do trono de Mecenas? Parasita,
Só pedia dinheiro - no triclínio
Bebia vinho bom - e não vivia
Fazer verses às irmãs de Augusto

E quem era Camões? Por ter perdido
Um olho na batalha e ser valente,
As esmolas valeu. Mas quanto ao resto,
Por fazer umas trovas de vadio,
Deveriam lhe dar, além de glória
- E essa deram-lhe à farta - algum bispado,
Algumas dessas gordas sinecuras
Que se davas a idiotas fidalguias?

Deixem-se de visões, queimem-se os versos.
O mundo não avança por cartingas.
Creiam do poviléu os trovadores
Que um poeta não val meia princesa.

Um poema contudo, bem escrito,
Bem limado e bem cheio de tetéias,
Nas horas do café lido fumando,
Ou no campo, na sombra de arvoredo,
Quando se quer dormir e não há sono,
Tem o mesmo valor que a dormideira.
(...)

Horácio - Epístola aos Pisões

"(..)Não basta aos poemas serem belos; têm de ser emocionantes, de conduzir ao sentimentos do ouvinte aonde quiserem. O resto da gente, como ri de quem ri, assim se condói de quem chora; se me queres ver chorar, tens de sentir a dor primeiro.(...)"


3 comentários:

  1. duas ótimas escolhas,sem duvida alguma!
    parabéns pelo primeiro post fifots,adorei e que venham outros,por favor!

    beijoooos *

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  2. Um post digno de elogios, mas não conte com os da Flá, por que ela já é nossa puxa saco! =D
    ASIUHSAUIHSAIUHSIAUHASUIHAISUHUISAHSIUAHUSIA

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  3. HIAUHAUHAUIHAIUHAUHAIUA CADE O RESPEEEEEITO,PALHAÇO! AAHAUHAUHAUHAU ;P

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opiniões e críticas são sempre bem vindas =)